terça-feira, 26 de julho de 2011

Encerrando um ciclo - Paulo Coelho

Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistirmos em permanecer nela mais que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Foi despedido do trabalho? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu.
Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus filhos, seus amigos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardio, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração – e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
Deixa ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – NADA É INSUBSTITUÍVEL, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

As cinzas



Tentei acreditar
num amor de linhas tortas
que o fim seria um erro,
como um ponto final no meio da frase.
Foi então que você resolveu atirar.

Há tempos havia um gatilho apontado.
A munição foi usada.
A arma foi feroz.
A verdade vencida,
vinda de um rio paralelo
soa como traição.
Traição que obstrui
a artéria imaginária
que irriga o coração.
A heparina de tempo
é a que reduz os estragos
nesse órgão infartado.
O dia amanhaceu com cinzas de sonhos
espalhadas por todos os cantos.
Cenas de um combate inacabado,
mas a certeza do fim de um atroz.
Quero distância de tudo aquilo
que tiver o cheiro de pólvora.
E a você meu amigo,
não ouso mais me inspirar.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Me despeço de ti, amor.


A filosofia do livro tinha você como base.

O tema era você.
Mas concluo esse capítulo e deixo você como titulo,
e não como tema.


Me despeço de nós dois,
Me despeço da nossa história
Mas não me despeço de você.


Me despeço dos verbos divididos,

da história dividida.
É hora de virar a página,
e concluir mais uma história.

Não me despeço de você,

pois a lembrança te alimentará na memória.
Saudades surgirão pra confirmar
que as mãos certas,
escreveram a melhor história,
no melhor momento.

Lembrar é reviver

e certamente te reviverei muito.
Porque são poucos personagens,
que são capazes de acender a chama mais oculta
que é a do amor.

Você não fez nada além de deixar.

Me deixar ser conduzida pelo amor atrás de você.
E foi deixando, que fomos invadidos por tal sentimento.

Saiba que você não foi.

Vocé é uma parte da minha história já escrita.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Amar é verbalizar o substântivo mais belo.

Amar é um tempo que demora.
É deixar todos os sentimentos em volta do amor.
Todos velando pelo seu bem.

Recuperar todas as fraturas com paciência.

Deixar o tempo o alimentar.
Ser artista e criar a sua arte.
Tratar como o mais belo cristalzinho de sua estante.

Amar é verbalizar o substântivo mais belo.

É cuidar de quem ama com o remédio do amor.
É respirar pensamentos diários,
sobre alguém que invadiu suas estruturas.

Amor não se divide.

Amor se soma multiplicando.
Amar quem não ama,
é sofrer o efeito adverso de um remédio que cura.

O amor não fala...

ele brilha através dos olhos,
se manifesta nas atitudes.
O amor não é grosseiro ou orgulhoso...
o nome disso é DESAMOR.
Que esconde as três letrinhas,
e adversa todos os efeitos.
É a seca de quem não ama,
derramada sobre a existência do amor de quem ama.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O combustível acabou


Faz um tempo que o caminho dificultou,
as barreiras apareceram,
e o carro não aguentou.

Faz um tempo que a dor aumentou

o presente não se sustentou
e o combustível acabou.

Findando o combustível...

não restam palavras, a não ser:
Acabou.


Tantos outros aqui...
Ele não quer!

Deixe estar...
ja ja vai passar.